domingo, 20 de março de 2011

Mas, pra onde vai o lixo afinal?

Nunca colocamos em nossa vida o tema ‘’lixo’’ como algo realmente importante. Não por ignorância, mas por falta de conhecimento... Num dia de sol podemos comprar um picolé e ao jogarmos aquele palitinho no lixo pensamos ‘’é apenas um palitinho’’, ou então, podemos comprar um refrigerante e jogar aquela lata no lixo e pensar que é ‘’só mais uma latinha’’, mas será que já paramos para pensar que se toda população do Rio de Janeiro sentisse calor e também provasse um saboroso picolé não seria apenas mais um palitinho, mais sim mais de 15.203.750 de palitinhos? E, afinal, pra aonde vai todo esse lixo?
O documentário que foi gravado no maior Aterro Sanitário da América Latina, que fica no Jd. Gramacho, Rio de Janeiro, mostra o cotidiano de catadores de lixo. Vik Muniz, no começo de seu projeto pensava apenas em como conseguiria transformar aquele lugar em uma obra de arte, ou em apenas como conseguiria mudar a vida daquelas pessoas e, sem duvida alguma, essa deve ter sido a idéia mais arriscada que o artista plástico já teve.
Depois de assistir ao documentário que teve uma enorme repercução, chegando a concorrer ao Oscar de Melhor Documentário de 2011, nossa visão de ‘’lixo’’ passa a mudar da ‘’água pro vinho’’ (...) Todo o lixo que consumimos vai pra aquele lugar aonde trabalham mais de 5 mil catadores. Pessoas que, como nós, sentem dor, frio, sono, cansaço... e que apesar de todas as dificuldades pela qual tem que passar todos os dias, ainda sim, ao se levantar da cama não pensam no peso que terão que carregar ou nas diversas coisas que terão que mexer, mas pensam em seus filhos, pensam no que aquilo resultará. São pessoas que sonham e que vivem cada dia com a esperança de que as coisas um dia irão mudar.
O lixo, para nós, é apenas uma coisa desnecessária, algo sem valor, que já foi utilizado uma vez e agora é apenas lixo, mas para eles é o que garante o pão de cada dia (...). Quando o artista plástico Vik Muniz apresentou a eles (Tião, Zumbi, Valter, Isis, Irmã, Magna e Suelem) o projeto que queria realizar ali, apresentou bem mais do que uma nova visão do lixo, apresentou a eles uma futura nova realidade e ao ver no que aquilo resultou, podemos ver nos olhos daquele povo bem mais do que o sentimento de ‘’missão cumprida’’, foi a primeira vez que a vida pareceu estar ao lado dessa gente. Ver a reação de Tião, o presidente da Associação, quase no final do filme dizendo que Deus tinha sido maravilhoso com ele por ter finalmente realizado o sonho que, a um tempo atrás, era apenas um sonho em que ele sonhava sozinho, ou então na senhora que ia todos os dias no Aterro para cozinhar para os catadores que mais tarde seria uma das obras de artes mais famosa de Vik, que tinha conseguido sair da comunidade e morar num lugar melhor e mesmo assim resolveu voltar, porque sentia saudade dos amigos é algo impressionante, e extremamente emocionante.
‘’Querer tudo e não ter nada’’, como o próprio Vik citou, não nos faz menor, não nos faz incapaz. Simplesmente nos faz ter uma razão pela qual acordar todos os dias e ir a luta, e com certeza, essa é mensagem que essas pessoas deixaram.